Há uma discussão filosófica/teológica acerca do mal e do sofrimento. É uma discussão antiga e, ao mesmo tempo, profunda, cuja premissa é: “Se Deus é bom, sabe todas as coisas (onisciente) e pode todas as coisas (onipotente), por que ele permite que haja mal no mundo?” Gottfried Leibniz (1646-1716) cunhou o termo teodiceia (theos + dik = Deus + justificar) para falar acerca a presença do mal no mundo. Sendo um problema de difícil solução, muitos ateus justificam sua descrença no Deus da Bíblia com este problema insolúvel, sem proporem nada, só olhando o sofrimento à distância e não aliviando a dor de ninguém. Seja o mal físico ou moral, qualquer pessoa que queira desvendar esse mistério, vai se deparar com essa dificuldade: o sofrimento.
Elizabeth Elliot em: “O sofrimento não é em vão” define sofrimento da seguinte maneira: “Sofrimento é ter o que você não deseja, ou desejar o que você não tem” e “é uma das maneiras pelas quais Deus atrai a nossa atenção”. Ele usa a dor para nos acordar, nos direcionar e nos aproximar Dele. Assim, nas mãos de Deus, o sofrimento nunca é em vão. Nesses momentos “quem de nós, no pior buraco em que já esteve, necessitou de algo mais importante do que companhia?” Precisamos daquele que é o “nosso socorro bem presente na aflição” (Sl 46:1). Deus não só está ciente da nossa dor, mas Ele está presente conosco, e sua força nos sustenta. Ele é Aquele que prometeu nunca nos deixar nem nos abandonar (Hb 13:5).
Não temos muitas explicações para o sofrimento, tampouco um motivo para que Deus o fizesse parte de seus desígnios misteriosos, mas essa é uma realidade de um mundo que caiu em pecado, e que até mesmo o Filho de Deus se sujeitou ao se tornar “o Homem de dores e que sabe o que é padecer (Is 53:3). Segundo Elliot “a questão do sofrimento é um mistério”. Mesmo não tendo as respostas “sabemos que Deus tem preparado algo melhor. Algo muito melhor está preparado. Há um outro nível, outro reino, um reino invisível que você e eu não podemos ver agora, mas em cuja direção nos movemos e ao qual nós pertencemos”. O sofrimento é real, mas não é final! Temos a promessa do mundo vindouro cuja realidade é completamente diferente da que experimentamos agora onde “não haverá mais morte, nem pranto, nem choro, nem dor” (Ap 21:4). Enquanto esse dia não chega, devemos aprender a principal lição do sofrimento: a dependência de Deus e de sua vontade.
Mais que respostas à nossa dor, mais que explicações de porquês, precisamos depender e ansiar a presença daquele que prometeu estar conosco até o fim, reconhecendo que Ele é tudo o que nós precisamos. Façamos das palavras de Elliot as nossas: “Seja lá o que estiver no cálice que Deus está nos oferecendo — dor, tristeza, sofrimento ou lamento, como também as superabundantes alegrias — estejamos dispostos a tomar, pois confiamos nele”.
Em cristo, Sem. Alesterdane